domingo, 1 de setembro de 2013

livro infantil: O clube da amizade (ou: como se brincava no século XX)

O CLUBE DA AMIZADE



capítulo I

                As meninas do 2°B estavam agitadíssimas. Não paravam quietas nas cadeiras, davam gritinhos à toa, riam - se muito e tagarelavam como papagaios. A causa de tamanho alvoroço era ser aquele o último dia de aula.
                Pensar nas férias de verão, como muito sol, praia, viagens e brincadeiras mil deixava as garotas felizes. Bem, quase todas.
                A um canto, Ritinha permanecia bem quieta, com olhos grandes e tristes. E não era por ter repetido de ano, aliás ninguém repetira de ano naquela classe, e a medalha dourada pendurada em sua blusa revelava que ela passara em primeiro lugar.
                O motivo da tristeza de Ritinha era bem simples : filha única, sentia - se a única criança da classe a não ter irmãos ou primos com quem brincar. Férias, para ela, eram longos dias solitários a ler histórias e a cuidar de seus bichinhos de estimação. E ela gostava tanto de companhia!
                - Meninas! Meninas! Vocês querem sair mais cedo para o recreio ? - perguntou a professora.
                Um sonoro “Queremos!” foi a resposta.
                - Então façam silêncio. Ou do contrário ficarão dez minutos a mais em classe, fazendo cópia.
                A algazarra cessou como que por encanto.
                - Se vocês ficarem bem quietinhas para ouvir uma história, sairão dez minutos mais cedo.
                Ninguém se enganou com a “história”. Era o truque que a professora Regina usava para tornar os pontos de História do Brasil mais interessantes. Ela era uma excelente professora, que transformando a matéria em teatrinhos e canções, tornava mais fácil de memorizar até a lição mais difícil.
                Morar em Santos tinha as suas vantagens. Como a história da Baixada Santista estava muito ligada a fatos importantes da história do país, as crianças sentiam orgulho de sua cidade e sentiam curiosidade em aprender sobre Brás Cubas, a Marquesa dos Santos, José Bonifácio e todos os demais vultos históricos da região.
                Aquela tarde a professora Regina leu poesias de Vicente de Carvalho, o poeta do mar. Não fazia parte da matéria do 2°ano, mas era o último dia letivo, a poesia era bonita, e, na opinião da professora, cultura nunca era demais.
                - Eu vou ser poeta - disse a Sonia - Até já escrevi uma porção de versinhos.
                - Como minha mãe - disse Marisa - A professora sabe que a minha mãe é poeta ?
                - Poetisa - corrigiu Da  Regina - O feminino de poeta é poetisa. Pois eu gostaria que vocês duas viessem aqui na frente e lessem para nós. Você, as suas poesias. E você, as de sua mãe.
                - Vou ler uns versinhos que fiz agora mesmo _ disse a Sonia. E leu :

                “As férias estão chegando
                Para casa vou cantando
                Quero ir à praia nadar
                Quero ir brincar no mar”

                - Muito bem, você leva jeito - comentou a professora.
                - A minha mãe quer juntar todos os poetas da cidade em uma espécie de clube. - contou Marisa -Uma Associação.
                Ritinha aprumou - se na carteira ao ouvir a palavra “clube” e começou a sorrir. De repente, até ela estava inquieta, a olhar a todo instante para o relógio de parede a contar os minutos que faltavam para o recreio.
                Em que será que Ritinha estava pensando ?





capítulo II

                - Desçam as escadas em silêncio, para não atrapalhar as outras classes. Algumas ainda estão em provas - avisou a professora - E não gritem até soar o sinal do recreio.
                As meninas obedeceram, de passos rápidos e olhinhos brilhantes. Ritinha levava lápis e caderno e fazia para as amigas sinal de “preciso falar com você” , sinal que entre elas consistia em dois gestos sucessivos de apontar, para a própria pessoa e para a outra, diversas vezes seguidas.
                No pátio do colégio, as alunas se dispersaram. Os grupinhos sentavam - se no chão, nos bancos, nas escadas, conforme o gosto de cada um.
                O grupo de amigas de Ritinha empoleirou - se nas escadas do anfiteatro de arena. As meninas começaram a desembrulhar os lanches e a reparti - los entre si. Ritinha afastou seu bolo para o lado e pegou o lápis :
                - Quero o telefone e endereço de todas. Tive uma idéia genial. Vamos fundar um clube de férias. O Clube da Amizade.
                - Para que ? Já vou todo domingo no clube- disse Vera
                - Todo mundo já tem seu próprio clube - disse Viviane. -Para que mais um ?
                - Acho que vocês não entenderam. Não é um clube com piscinas e quadras de tênis. É um clube de brincar. A gente fala com nossos pais. A minha mãe eu tenho de certeza que concorda. A primeira reunião do clube pode ser em minha casa, na tarde de sábado, mamãe faz um lanche para nós e eu organizo uma visita ao meu zoológico. Que tal ?
                - E o que mais a gente faz ?
                - O que a gente quiser. Uma festa do sorvete, um campeonato de jogos, um baile a fantasia, um teatro, o que pintar.
                - E vai ser sempre na sua casa ?
                - Também pode ser na minha - disse a Maria do Sameiro, filha do dono da confeitaria - Tenho certeza de que mamãe concorda.
                - Ôba ! - gritaram as outras crianças.
                Lanche em casa da Sameiro era lanche de confeitaria, com pães doces, geléias, balas de frutas e bolo de chocolate com nozes.
                - Lá em casa também pode , com certeza - falou Lúcia - O quintal é bem grande com parquinho e muitas árvores.
                - Que pena, eu vou viajar - suspirou Marisa - Estou fora.
                - Mas quando você voltar, telefone para a gente. Você vai ficar fora o verão inteirinho ? - perguntou Vera.
                - Ainda não sei.
                - Pois quero de cada uma de vocês duas fotos, para fazer uma carteirinha igual a dos clubes de verdade - continuou Ritinha.
                - Só uma basta - lembrou Viviane -Você não precisa guardar a outra na ficha da secretaria, como em um clube de verdade.
                - Está certo.
                E assim ficou combinado. A primeira reunião do clube seria no domingo à tarde, na casa da Ritinha, que confirmaria por telefone com as amigas.
                E assim, todas as garotas do 2°B entraram em férias de coração alegre, até a Rita, que agora teria companheiras para brincar.












capítulo III

               

                Rita gostava muito de bichos e criava uma porção deles. Também colecionava conchas, penas, pedras, sementes e organizara na garagem de sua casa um museu de História Natural.
                Agora ela dava os últimos retoques na arrumação das prateleiras. Organizara fichas, cartazes, tudo limpinho, arrumado e colorido para o programa de sábado : visita ao zoo e museu da Rita.
                Quase todas as garotas haviam confirmado : Sameiro, Vera, Sonia, Viviane que viria com a irmã, Vanessa, Fátima, Selma e Marilda. Marisa ia viajar e Mônica morava longe.
                E o melhor : os pais haviam dito para fazerem um rodízio, cada reunião em casa de uma, para não “pesar”  para ninguém. Afinal, lanche para dez, e agüentar a saudável barulheira, não seria fácil!
                As meninas chegaram às três horas.
                Em primeiro lugar, a visita ao “zoológico”. Rita mostrou os peixes :
                - Esses peixes são acará - bandeira. Não podem ficar junto com outras espécies porque são peixes de briga. Neste outro aquário temos um casal de beijoqueiros, um casal de peixes japoneses, esses vermelhos, e os pequenininhos coloridos são os néons.
                - Eu já peguei peixinhos no canal com meu irmão - disse Vera -É divertido. Vocês sabem como se faz ?
                - Eu sei! - disse Sonia - A gente fura uma lata, prende com barbante e joga lá do alto da ponte para dentro do canal.
                - Que nojo! Vocês entraram nas águas sujas do canal ? - Fátima fez uma careta.
                - Claro que não! - disse Sonia - E porque nojo ? É água do mar...
                - Água salobra - lembrou Vera  - Mistura de água do mar com águas do mangue do rio Cubatão.
                - Mas como vocês pegam os peixes ? - quis saber Sameiro - Como é que eles entram na latinha ?
                - É que a gente prende um pedaço de pão no fundo da lata. A lata afunda no canal, os peixes entram para comer o pão e então a gente puxa a lata. São bem coloridos, de várias cores e duram muito tempo. Um até deu cria lá em casa - disse Vera.
                - Peixe põe ovo - falou Fátima.
                - Esses não põe. Nascem peixinhos assim pequenininhos - disse Sonia.
                - E se a gente fizesse uma pescaria no canal ? - propôs Marilda.
                - Nem pensar. Que nojo ! - fez Fátima.
                - Não sei que meus pais iriam concordar - disse Lúcia.
                - Vamos continuar a visita ao zoo, gente ? Agora vamos ver as minhas tartaruguinhas do ria Amazonas...
                - O meu irmão tem uma igual - disse Vera - Ele usa os peixinhos que pega no canal para alimentar a tartaruga. É engraçado vê- la caçar os peixinhos.
                - As minhas comem alface - explicou Rita - Às vezes mamãe dá uns pedacinhos de carne crua para elas.
                - E que outros bichos você tem ? - perguntaram as amigas.
                - Vamos lá fora. Vocês vão conhecer meus periquitos australianos e meu papagaio.
                As crianças gostaram do papagaio. Ele gritava : “Socorro!”, dava risadas, cantava “ai, ai,ai ,ai , tá chegando a hora...” e “parabéns a você”, pedia café, pedia água, pedia comida, imitava assobios e campainha e ainda contava até dez.
                - Currupaco papaco! Louro tá com fome! Louro quer café com pão! Lá, lá ,lá...
                As meninas não se cansavam de brincar com o papagaio. Até brincariam mais, se a mãe de Rita não interviesse:
                - Crianças, não cansem o pobre louro. Vão ver os esquilos, agora, deixem o Mickey  descansar.
                Aquilo foi uma risada só. O Mickey! Pois isso lá era nome de papagaio ?
                - Você tem esquilos? Quero ver ! - pediu Sameiro.
                - São hamsters.
                -São o que ?
                - Hamsters. Esquilos do Líbano. Não tem rabo peludo como os serelepes - explicou Rita.
                - Que serelepes são esses ?
                - Serelepe ou caxinguelê é aquele esquilinho  dentuço de rabo muito peludo que a gente vê nos filmes e nas gravuras.
                - Eu nunca vi - disse Vanessa,
                - Pois eu tenho uma foto aqui - mostrou Rita, folheando um livro de animais na estante da garagem.
                Mas as meninas estavam mesmo interessadas em pegar os bichinhos. Haviam vários : brancos, cor de creme, marrons e malhados, em um grande viveiro com duas rodinhas semelhantes às rodinhas dos parques de diversões.
                - Eles brincam de rodinha!
                - Eles fazem cócegas na mão.
                - Como eles tremem!
                - Eu faço criação - explicou Rita - Quando nascem muitos, eu vendo para uma loja de animais, quer dizer, o meu pai vende.
                - E quanto custam ? Vou querer um.
                - O que é que eles comem ?
                Todas as meninas quiseram alimentar os esquilos e todas queriam um casal para levar para casa.
                - Às vezes um deles foge - contou Rita - Aí é uma confusão. Um entrou na cozinha e roeu uma porção de coisas. Outro entrou na gaiola do papagaio e o Mickey gritava, pendurado de cabeça para baixo : “socorro!”
                Rita tinha ainda uma gata e um cachorro.
                - Puxa, você gosta mesmo de bichos - comentaram as amigas.
                - Tanto gosto de animais como de tudo na natureza. Até organizei um museu ali naquela estante, venham ver - convidou Rita.
                - Porque você separa as conchas assim ? - perguntou Sameiro _ E o que são esses papeizinhos ?
                - Pois esses papeizinhos são os nomes das coisas - explicou Rita - Cada concha, cada pedra, tem um nome, e quando eu não sei o nome, eu separo e vou procurar nos livros.
                - Nosso trabalho de folhas! - exclamou Viviane - Por isso você quis ficar com ele!
                As meninas haviam feito na escola , em grupo, um mostruário com os diferentes tipos de folhas. É claro que o grupo da Ritinha tirara a nota máxima.
                - Eu fiz um outro mostruário com flores secas - mostrou Rita - Vejam!
                - Rita, isso é ouro mesmo ? De onde você trouxe isto ? - perguntou Lúcia, pegando uma pedra.
                - De um garimpo de Goiás. Também trouxe esta drusa de ametistas .
                - Puxa! Você entende mesmo ! Aposto que vai ser cientista. - falou Viviane.
                Neste instante, a mãe de Rita chamou da cozinha :
                - Rita, o lanche está pronto . Traga suas amigas para a cozinha.
                As meninas foram para casa cantando :

                “É hora do lanche, que hora tão feliz
                queremos biscoitos São Luiz...”

                É claro que, antes de comer, todas aquelas esfomeadas meninas tiveram de lavar as mão muito bem lavadas. Haviam pego em pedras, esquilos, penas, tartarugas...
                Da Mirtes, a mãe de Rita, serviu leite gelado, suco de laranja, sanduíche de queijo e bolo de chocolate. Não sobrou nem uma migalhinha para contar história.
                - Estava uma delícia, Da Mirtes.
                - Da Mirtes, o seu lanche estava muito gostoso.
                - A sra quer que ajude a lavar a louça ? - perguntou Fátima, que era muito, mas muito bem educada.
                - Não, obrigada - respondeu Da Mirtes, para alívio das outras nove crianças, que, no fundo, não faziam questão de serem tão bem educadas assim. - Vocês podem voltar às brincadeiras.
                - Venham ao meu quarto - chamou Rita - Venham pegar as carteirinhas.
                Com muito capricho, Rita cortara retângulos de cartolina e escrevera à máquina :

            “Clube da Amizade
               
                    fundado em 19...
                    nome do sócio : ....
                   data de nascimento:....
                   validade : eterna.”           

                Em cima, à direita, havia um quadradinho para a foto, como nas carteirinhas de verdade. E ela encapara as carteirinhas com plástico, também !
                - Que capricho ! - disseram as prós.
                - Que frescura ! - disseram as do - contra.
                - Meu pai vem me buscar às sete - disse Sameiro - Ele disse que a próxima reunião do clube pode ser lá em casa. Nós temos piscina, vocês levam maiô, e a minha mãe vai fazer um churrasco para o almoço, mas é para vocês ficarem até a tarde, é claro.
                - Eu queria que fosse lá em casa _ reclamou Lúcia.
                - Uma vez de cada. - falou Sameiro. - No próximo sábado é lá em casa. Podem chegar lá pelas dez.
                Um toque de campainha soou.
                - É a  mãe da Sameiro - disse Da Mirtes - E o pai da Selma também já chegou.
                Logo chegaram os outros pais, e em meio a alegres cumprimentos, acabou - se a primeira reunião do Clube da Amizade.



capítulo IV


                Na segunda - feira o telefone tocou na casa de Rita.
                - Rita ? É a Viviane.
                - Oi, Vi.
                - Estou com vontade de fazer um teatro, mas, olha, é segredo. Você vem aqui em casa ensaiar a gente. Eu pensei na peça Os três desejos. A Vanessa de fada, meu irmão de lenhador, eu de mulher do lenhador. Aí no dia em que a reunião for aqui em casa a gente apresenta a peça, de surpresa.
                - Que legal ! Mas e eu, não faço parte da peça ?
                - Você dirige. Vê os cenários, as roupas, o som, que você entende dessas coisas.
                - Eu ?
                - Você entende de tudo. Até de escrever o texto.
                - Adaptar o texto, você quer dizer. Bem , com o texto tudo bem. Tenho até um livro do Mundo da Criança que ensina como se faz um texto para teatro. Mas as roupas... não dá.
                - Minha mãe diz que ajuda.
                - Bom, aí é outra coisa. Melhorou.
                -Venha aqui hoje.
                - Tá. Vou avisar minha mãe.
                E desligou, sonhadora. Escrever um texto de teatro ... que idéia demais! As férias não seriam nem um pouco monótonas. Que idéia formidável a de formar o clube!
                E Rita foi fuçar no Mundo da Criança
                - Mamãe, a Viviane quer fazer uma peça de teatro, aquela dos três desejos do Lenhador. Você me ajuda a adaptar o texto ? Posso ir até a casa dela ?
                - Claro, claro, amanhã eu cuido disto. Pode sair depois de cuidar do seu zôo.
                Pois cuidar de tantos bichinhos dava um trabalho danado.
                Logo após o almoço, Ritinha foi de bicicleta até  a casa de Viviane, que morava bem perto.
                Passou pela frente do colégio, agora fechado e silencioso e por uma porção de lugares : a barbearia, a farmácia, o sapateiro, o armazém. Finalmente avistou a casa da amiga.
                - Entre logo - foi dizendo Viviane, animada.
                A mãe de Viviane, Da Carolina, era uma mulher alegre, loira e risonha. Em mocinha, trabalhara em teatro amador e fôra ela que tivera a idéia de fazer a peça.
                -A garagem dá um palco ótimo. - disse Viviane - Mamãe vai pendurar uma cortina aqui e aí ficamos separadas da platéia. E este pinheirinho de Natal, neste vaso grande, está perfeito para a árvore que o lenhador vai cortar.
                - Eu tenho uma fantasia de fada - disse Vanessa - Com asas e tudo, que usei no Carnaval passado.
                - Foi esta fantasia que me deu a idéia - comentou Da Carolina - Rita, você tem um gravador pequeno, desses sem fio ? Aí gravamos o grito da árvore, canto de pássaros para as cenas da floresta, e música de fundo para os outros atos.
                - A minha mãe vai ajudar com o texto - disse Rita - Até já encontrei no Mundo da Criança um texto quase todo pronto sobre esta história.
                - É preciso muito exercício, sabe, exercício de teatro, de voz, de corpo, de personagem, é como brincar de faz de conta.
                - E se a gente pendurasse samambaias nas paredes para criar um clima de floresta ?
                - E como grudar a salsicha no nariz do Pedro ?
                - O Pedro já é narigudão, mesmo.
                - Não falem mal do meu nariz - protestou o menino.
                - E a gente precisa de um cartaz bem grande, como nos teatros de verdade.
                - Vamos pintar um. Enorme.
                - Tem um cavalete lá no escritório. A gente coloca o cartaz nele.
                E, planos após planos, a tarde passou rapidamente.
                Seria duro guardar segredo até o fim do verão...




capítulo V



                O domingo na casa de Sameiro começou cedo.  O pai dela exigiu que todas as meninas colocassem bóias de braço, mesmo as que sabiam nadar, pois a piscina era funda. Havia um escorregador que fez a festa. foi um tal de escorregar e mergulhar, escorregar e mergulhar... Que delícia!
                Os primos de Sameiro , três garotos e duas garotas, trouxeram barcos e colchões de bóia e o tio dela trouxe um violão.
                - É para as horas de sol forte - explicou ele.
                Um violão para as horas de sol forte ?
                - Mas o violão só faz sombra para um - comentou Marilda, sem entender.
                Havia kafka e lingüiça além dos tradicionais espetinhos e também batatas fritas, maionese , arroz e frutas.
                Depois de comerem até fartar, todas sentaram - se à sombra de um quiosque e o tio Felício trouxe o violão.

                “Pegue a esteira e o seu chapéu
                Vamos para a praia comer pastel
                Piririri pópópópó...”

                As crianças bateram palmas e começaram a dançar e a cantar. Chegara a hora do sol forte.
                - Vamos fazer um campeonato de música ? - sugeriu o tio Felício _  Vocês se dividem em dois grupos e escolhem as músicas. Eu toco. O outro grupo tem de dizer o nome da música e do compositor.
                Adultos e crianças divertiram - se a valer, e assim, entre sol, água e cantoria passou - se o dia.
                Claro que à tarde houve o esperado lanche com pães doces, geléias e bolo de nozes. E o pai de Sameiro ainda distribui um saquinho de confeitos para cada uma à hora da despedida.
                - Sábado próximo é lá em casa - falou Lúcia. - Vamos ter uma tarde artística. Levem tintas, pincéis, cola, tesoura e roupas velhas.
                E foi mesmo uma tarde artística. À sombra das árvores, o pai de Lúcia armou uma mesa de tábuas para as meninas apoiarem seus cavaletes e telas.
                - Eu trouxe gesso e molde para fazer umas estátuas - falou Sonia - E também uns versinhos para ler para vocês.
                - Versos seus ? Que legal !
                - Fiz um para a Ritinha, escutem só :
                “Se fugir um esquilinho
                da gaiola da Ritinha
                vai direto pra cozinha
                que o bichinho é espertinho
                O papagaio despenca
                do poleiro e põe - se aos gritos
                ‘Socorro, acudam, amigos’
                acorda a gata, o cachorro
                deixa todo mundo louco.”

                As crianças riram.
                - Tem mais , Sonia ?
                - Tem : No churrasco da Sameiro
                             Teve show de violão
                             Brincamos o dia inteiro
                               Gozando o sol de verão.
                - A tarde está realmente artística - disse o pai de Lúcia - Não só pintores, como poetas também...
E quem se lembrou de trazer roupa velha ?
                - Todo mundo - gritaram as garotas.
                - Eu até trouxe a minha camiseta de estimação com dezessete furinhos - confessou Selma.
                Havia guache e aquarela. Viviane, Vanessa e Rita, que há dias pintavam cartazes para o teatro, desenhando vários para depois escolher o mais bonito, para variar haviam trazido argila. E houve quem fizesse colagens.
                - Vou fazer uma cidade de bichinhos - disse a Rita, armando - se de tesoura, revistas e cola.
                No final da tarde houve cachorro - quente, pipocas e limonada.
                - Estamos tão sujas que parecemos meninos de rua - disse Fátima.
                - Não. Parecemos pintores de verdade - falou Marilda, ao que Selma retrucou :
                - Só de formos pintores de parede...
                - Esta turma que pintou o sete merece uma foto para a posteridade - e o pai de Lúcia apareceu com uma máquina fotográfica e com um - clic! - aquele momento único ficou registrado para sempre, carinhas felizes de artistas traquinas...



capítulo VI                                                                                                                                                                                                                                                                   

                Durante o Natal e o Ano Novo, o clube não se reuniu. É claro que as meninas se encontraram em passeios de bicicleta, quando vizinhas, ou na piscina do clube ou se falaram pelo telefone. Mas a época de fim de ano deixava os pais fora de órbita, como dizia a Sameiro.
                - Meu pai acorda de madrugada para dar conta de tantas encomendas lá na confeitaria...
                - E tanta coisa que eles inventam de comprar - comentou Marilda - Porque tanta comida e tanta roupa nova ? Bastava comprar o meu presente e já estava bom...
                - Pois eu gosto de roupa nova - disse a vaidosa Fátima - Roupa, sapato e jóias. Meus pais sempre me dão jóias no Natal.
                - A gente podia organizar um chá de bonecas para depois do Dia de Reis -propôs Selma -  Eu tenho certeza de que ganharei uma boneca nova. E o chá vai ser lá em casa, certo ?
                - E se nós mesmas fizéssemos o chá ?  - sugeriu Marilda.
                - Bem, aí eu não garanto ... - disse Selma.
                A mãe de Selma, porém, achou a idéia excelente e enfiou -se na cozinha com as meninas para organizar as turmas :
                - Selma, Marilda e Vera fiquem aqui e façam o bolo. Fátima fica com a Sonia, vocês vão bater o sorvete. Viviane, Vanessa e Lúcia fazem a salada de frutas. E vocês duas espremem as laranjas para fazer um suco natural. E todo mundo lava a louça e limpa a cozinha depois.
                Foi uma trabalheira e tanto, mas valeu.
                E enquanto o bolo assava e o sorvete congelava, as garotas apresentaram umas às outras as suas bonecas novas. Sameiro ganhara um lindo casal de bonecos de louça, presente dos avós.
                - Eles as trouxeram da Alemanha - explicou ela - A minha avó disse que o rosto é de biscuit.
                - Rosto de biscoito ? - disse Sonia - Por acaso são bonecos de comer ?
                Todas riram.
                - Sua boneca tem defeito, Vanessa. Está furada atrás.- disse Rita.
                - É uma boneca dorminhoca. Você recheia o furo com o seu pijama e ela fica enfeitando a cama.
                - E o que é que o meu pijama vai fazer dentro da sua boneca, posso saber ? -implicou Rita, gaiata, para provocar mais risadas.
                - Minha mãe é muito jeitosa - disse Lúcia - Vou pedir a ela que faça uma dorminhoca para mim com umas cabeças quebradas de umas bonecas velhas que tem lá em casa. Afinal , as cabeças estão boas.
                - Você não disse que estavam  quebradas ?
                - As cabeças não estão quebradas. Quebradas estão as bonecas.
                - Eu não ganhei bonecas, mas ganhei bichinhos - mostrou Marilda - Um urso, um coelho e este cachorro.
                - O urso vai comer o cachorro que vai comer o coelho - disse Viviane - Aí você come o urso.
                - Pior fui eu que ganhei um rato de pano - disse a desconsolada Vera - E tudo o que eu queria era uma bicicleta.
                - A minha boneca é a menor mas é a melhor de brincar porque veio com um guarda - roupas cheio de roupinhas junto. querem ver ? - falou Sonia.
                De dentro do pequeno guarda - roupas ela retirou vestidos, saias, blusas, um pijama, um vestido de baile, bolsas, cintos, sapatos e até uma peruca.
                - Que luxo! - exclamou Rita - Não tem pasta de dente também ?
                - E porque uma pasta de dente ?
                - E porque uma peruca ?
                - Para ela se disfarçar. Ela é detetive.
                - E o que ela vai descobrir ?
                - Os seus segredos.
                - Não precisa, não. Eu conto. Ganhei um teatro de fantoches. Eu trouxe para mostrar. A gente monta o palco assim, olhem como é fácil, se esconde atrás e coloca os fantoches na mão desse jeito... - havia cinco bonecos e todas as meninas quiseram brincar de fantoches.
                - Vamos botar ordem na bagunça - exigiu Selma - A Rita armou o palco e como ela é dona do brinquedo, ela começa. Rita, vá lá para trás e conte como foi o seu Natal. Depois sou eu, que sou dona da casa e depois uma de cada vez, tá ? Agora senta todo mundo no chão. O espetáculo vai começar.
                - Boa tarde, amiguinhos - falou Rita, aliás, uma avozinha de óculos de aros redondos e coque - Eu não quero contar sobre o Natal .Eu vou é contar uma historinha para vocês.
                - Conte logo a história, vovó. Conte!
                - Vovó uma pílula. Não sou avó de nenhuma de vocês. Respeito com os mais velhos.
                - A benção, minha senhora, Não sabemos o seu nome.
                - Da Astralgisa.
                Risos.
                - Crianças malcriadas! Estão rindo de mim ?
                - Conte a história logo. Conte. Conte.
                - Pois bem. Era uma vez um pintinho perdido na floresta. Era uma noite chuvosa. A tempestade estava forte, trovejou e relampeou e depois a chuva passou. Como era o nome do pintinho ?
                As meninas se entreolharam.
                - Como é que nós vamos saber ?
                - Relam ! - anunciou Rita, vitoriosa - Vocês não prestaram atenção ? Trovejou e Relam piou...
                - Ah ! Não vale ! - gritaram as meninas.
                A mãe de Selma apareceu à porta:
                - Mocinhas ! Isso lá são modos de senhoritas educadas que se reúnem para tomar chá ?
                - Ah, mamãe, foi a Rita que contou uma piada.
                - Eu, não. O Relam. O Relam é que piou...
                - Bem, o sorvete gelou e a mesa já está posta para o lanche, garotas.
                - Oba! Vou comer o bolo que eu fiz !
                - Experimente o sorvete que eu fiz !
                E assim passou - se mais uma tarde feliz.



capítulo VII


                Sonia foi quem organizou a tarde cigana.
                Ela armou uma tenda no quintal . Ela, não, o primo dela, que era escoteiro e que emprestou a tenda para ela.
                - Não está muito cigana - queixou - se ela.
                - Dá - se um jeito - sugeriu o primo -  Enfeite com uns lenços coloridos da sua mãe, e podemos colar umas luas e estrelas na lona.
                Um globo de luz vazio, redondo, emborcado de cabeça para baixo, fez as vezes de bola de cristal. Um baralho, um pouco de incenso e estava criado o clima dentro da tenda.
                Sonia tinha uma fantasia de cigana. Seus longos cabelos cacheados caíam por debaixo do lenço enfeitado de medalhinhas. Diversos colares, brincos , cintos e dezenas de pulseiras fininhas completavam o traje.
                - Querem saber o futuro ? Quem quer ler a buena dicha ?
                - É preciso pagar ? - perguntou Lúcia.
                - Hoje é de graça. Façam filas, senhoras e senhores.
                - Nós todas queremos ouvir, senão não tem graça. todo mundo na tenda !
                Ainda bem que a tenda era bem grande. As dez amigas espremeram - se lá dentro, à luz de uma lanterna. Sonia queria velas, mas a mãe não deixou, achou muito perigoso.
                Sonia pegou a mão de Lúcia :
                - Sua linha da vida é loooonga... você viverá 250 anos. Terá uma dúzia de filhos e vai enterrar quatro maridos.
                - E dinheiro ?
                - Você nunca será rica de bolso, mas será rica de afeto, não se pode ter de tudo na vida, não é ?
                - Agora eu ! - quis Rita.
                Sonia debruçou - se sobre a bola de crista  :
                - Estou vendo .... elefantes... girafas... focas... uma fila enorme de crianças... O Zôo da Rita... A famosa bióloga Rita na capa das revistas e  dos jornais .... descobriu uma nova espécie de carrapato no Morro da Nova Cintra...
                - E o amor ?
                - Ah, vejo um homem alto, loiro, liiiindo ! ...Você vai conhecê - lo na África.... Ah, é um romance impossível. Você é uma defensora da vida animal e ele é um caçador de elefantes... O marfim os separa...
                - Tire as cartas para mim, Sonia  - e Selma sentou - se em frente à amiga.
                A ciganinha toca a embaralhar e a cortar o maço de cartas. Embaralhou e cortou três vezes.
                - Agora você divide em três.
                E começou a botar as cartas.
                - Ah, uma carta.... uma carta de um homem mais velho.... muito velho.... é um testamento...vejo um país distante, do outro lado do mar....querida, você vai ficar rica. muito rica... e vai morar em Paris.
                - E a profissão ? O que é que eu vou ser ?
                - Ah, isto é muito interessante...
                - O que ?
                - Você vai ser astronauta.
                Risos.
                - Espere. Estou vendo aqui.... um casamento.
                - E meu marido é rico ?
                - Vocês vão se conhecer no espaço....
                - Ah , ele é astronauta, também!
                - Não, é um marciano.
                E entre uma previsão e outra, botando cartas, lendo a mão, as horas se passaram rapidamente.
                - Que tal um lanche cigano ? - ofereceu Sonia, lá pelas tantas.
                - O que tem no lanche cigano ? Biscoitinhos da sorte ?
                - Disfarça, Marilda, os biscoitinhos da sorte são chineses...
                - Mamãe fez um bolo de prendas, por isso , tomem cuidado ao mastigar, não vale comer as prendas.
                Da Alice tivera o maior capricho em separar o bolo em fatias contendo cada uma, uma prenda. E lá foram aparecendo ...
                - Um navio ! A Lúcia vai viajar !
                - Uma moeda ! Aí, Sameiro, quando ficar rica não esqueça das amigas.
                - Uma aliança . A Rita vai ser a primeira a casar...
                -- Um bebê! Fátima vai ter um filho.
                - Uma casa para a Viviane !
                Vera tirou um coelho, e houve muita discussão para saber o que este bichinho significava.
                - Ela vai ser veterinária.
                -Não, ela vai ser fazendeira.
                - Pé de coelho dá sorte. Então, ela vai ter sorte na vida.
                - Atenção, atenção, a cigana quer falar - anunciou Sonia - A sorte é a gente que faz. E como nós somos boas, todas nós vamos ter boa sorte na vida.
                - É isso aí.
                - E vocês já viram festa cigana sem música ? Vamos dançar, que eu descolei um disco com músicas ciganas.
                - Viva !
                - Viva !
                E dez ciganinhas foram rodopiar na sala, tocando castanholas imaginárias e fazendo de conta que rodavam longas saias invisíveis.
                Momentos felizes que perduram para sempre...




capítulo VIII


                O início das aulas estava próximo.
                E como o Carnaval seria no último fim de semana de férias, Viviane falou para as amiguinhas:
                - Sábado haverá um baile a fantasia lá em casa, com concurso e prêmio para a fantasia mais bonita,  e os pais de todo mundo estão convidados também, certo ?
                Vanessa e Rita trocaram um olhar cúmplice.
                - Aí tem coisa ! - gritou Lúcia - O que vocês duas estão tramando ?
                - Ah, é uma surpresa - disse Vanessa.
                No sábado, as crianças chegavam curiosas e Da Carolina as levava até a garagem.
                Um grande cartaz colorido anunciava :
                “ Somente hoje

                OS TRÊS DESEJOS
                espetáculo teatral em 3 atos

                atores : Viviane, Vanessa e Pedro
                sonoplastia : Rita   ”
                Da Carolina arrumara filas de cadeiras na garagem .
                Que platéia gozada! Lúcia de havaiana, Selma de índia, Sonia de odalisca, Sameiro de bailarina, Rita de cigana, Marilda de pirata e Fátima de melindrosa. Entre os primos e irmãos que também haviam sido convidados, havia quase cinqüenta crianças.
                Rita ligou o gravador e ouviu - se uma música suave, ao fundo uma multidão de passarinhos pipilando alegremente :
                “Amanhece na Floresta Encantada, e o lenhador encontra uma bela árvore...”
                Da Carolina puxou as cortinas e Pedro apareceu, de bigode postiço, boné, calças de suspensórios com remendos nos joelhos. Quando ele ergueu o machado e desferiu um golpe na árvore, ouviu - se um grito:
                “Ai! Ai! Valha- me, fada da floresta !”
                Vanessa entrou dançando na ponta dos pés, linda, com purpurina nos cabelos e um diadema de strauss. E a peça prosseguiu.
                Viviane amarrara um lenço na cabeça e aparecia de avental e rolo de macarrão na mão, uma autêntica megera doméstica. E quando ela disse:
                - Queria que esta lingüiça grudasse no seu nariz! - passou pela frente de Pedro, que rapidamente colocou uma máscara, com uma lingüiça grudada no nariz! Ficou muito engraçado. Da Carolina fora muito jeitosa ao costurar a máscara.
                No final, houve protestos dos expectadores:
                - Eu queria ter participado!
                - Eu também quero fazer teatro!
                Os aplausos foram calorosos. Todos se divertiram muito.
                Viviane foi trocar - se e voltou fantasiada de coelhinha.
                - Vamos começar a matinê, pessoal!
                Da Carolina trouxe os discos de Carnaval e o aparelho de som para a garagem. Retiradas as cadeiras, havia muito espaço para as crianças pularem.
                “Ó jardineira porque estás tão triste...”
                Os pais haviam, de comum acordo, organizado um “bota - fora”, como se dizia antigamente, uma despedida. Despedida do que ? Ora, das ferias, evidentemente.
                “Um pierrô apaixonado...”
                As músicas prosseguiam, alegre, enquanto os silenciosos pais entravam na sala, trazendo refrigerantes e cerveja geladinha (somente para os adultos, claro).
                “Alá la ô ôôô ôôô ... mas que calor ôôô ôôô...”
                E quando o bailinho terminou, com a tradicional musica:
                “É hoje só só só , vai acabar já já ...”
                Houve um último frevo, bem rapidinho, e os corpinhos infantis, derreados, desabaram, em meio a montes de confete e serpentina.
                - Atenção! Atenção! O concurso !
                Entre os aplausos dos pais, as crianças foram desfilando. Havia fantasias caprichadas, algumas até bordadas com pedrarias, mas o prêmio ficou para Vera, que estava original com suas faces sardentas, shorts rasgado, camisa abotoada errado com meia fralda para fora, um sapo ( de plástico, é claro) espiando pelo bolso da camisa e um enorme estilingue pendurado no bolso de trás.
                - O prêmio! O prêmio! - pediram todos.
                E veio o prêmio , aliás bem apropriado : um enorme saco de confete, cinco rolos de serpentinas e uma máscara de saci ! Vera colocou a máscara e saiu pulando em uma só perninha...
                - Estou morta de sede - comentou Selma, esvaziando a ultima jarra de limonada ainda à vista.
                - E eu com fome - reclamou Vanessa - Mãe, cadê o lanche para recompor as energias dos seus foliões ?
                - Lá na sala, mas primeiro lavem as mãos.
                E na sala, pilhas de pratos descartáveis e duas dúzias de pizzas gigantes, quentinhas, esperando para serem devoradas.
                - Viva o Carnaval!
                - Viva a alegria !
                - Um brinde ao fim das férias!
                - Vivam as pizzas!
                E a criançada gritava Viva! Viva!Viva!
                - Puxa, Rita, que pena que acabou o clube! - suspirou Sonia.
                - Quem disse ? - falou Lúcia - Terminaram as férias, mas o clube continua.
                - Vai começar de novo aquela chatice de escola, ler , escrever e contar .... - resmungou Marilda.
                - Escrever ? - repetiu Rita, com um brilho já nosso conhecido nos olhos.
                - Eu conheço esta sua cara - disse Sonia - No que é que você está pensando ?
                - Acabo de ter uma idéia. Ouça só : a Marisa passou as férias no Rio, eu vou fazer uma entrevista com ela sobre a viagem; você, que escreve poesias...
                - O que você quer fazer com minhas poesias e a tal entrevista ?
                - Um jornal, Sonia! Você faz a parte literária, a gente bola uma seção de piadas, outra seção de fofocas da semana e lançamos “O Jornal do Clube da Amizade” entre as garotas do 3°B e companhia.
                - E aí ...

                E aí começa uma outra história, que fica para uma outra vez.    



fim