O CLUBE DA AMIZADE
capítulo I
As
meninas do 2°B estavam agitadíssimas. Não paravam quietas nas cadeiras, davam
gritinhos à toa, riam - se muito e tagarelavam como papagaios. A causa de
tamanho alvoroço era ser aquele o último dia de aula.
Pensar
nas férias de verão, como muito sol, praia, viagens e brincadeiras mil deixava
as garotas felizes. Bem, quase todas.
A
um canto, Ritinha permanecia bem quieta, com olhos grandes e tristes. E não era
por ter repetido de ano, aliás ninguém repetira de ano naquela classe, e a
medalha dourada pendurada em sua blusa revelava que ela passara em primeiro
lugar.
O
motivo da tristeza de Ritinha era bem simples : filha única, sentia - se a
única criança da classe a não ter irmãos ou primos com quem brincar. Férias,
para ela, eram longos dias solitários a ler histórias e a cuidar de seus
bichinhos de estimação. E ela gostava tanto de companhia!
-
Meninas! Meninas! Vocês querem sair mais cedo para o recreio ? - perguntou a
professora.
Um
sonoro “Queremos!” foi a resposta.
-
Então façam silêncio. Ou do contrário ficarão dez minutos a mais em classe,
fazendo cópia.
A
algazarra cessou como que por encanto.
-
Se vocês ficarem bem quietinhas para ouvir uma história, sairão dez minutos
mais cedo.
Ninguém
se enganou com a “história”. Era o truque que a professora Regina usava para
tornar os pontos de História do Brasil mais interessantes. Ela era uma
excelente professora, que transformando a matéria em teatrinhos e canções,
tornava mais fácil de memorizar até a lição mais difícil.
Morar
em Santos tinha as suas vantagens. Como a história da Baixada Santista estava
muito ligada a fatos importantes da história do país, as crianças sentiam
orgulho de sua cidade e sentiam curiosidade em aprender sobre Brás Cubas, a
Marquesa dos Santos, José Bonifácio e todos os demais vultos históricos da
região.
Aquela
tarde a professora Regina leu poesias de Vicente de Carvalho, o poeta do mar.
Não fazia parte da matéria do 2°ano, mas era o último dia letivo, a poesia era
bonita, e, na opinião da professora, cultura nunca era demais.
-
Eu vou ser poeta - disse a Sonia - Até já escrevi uma porção de versinhos.
-
Como minha mãe - disse Marisa - A professora sabe que a minha mãe é poeta ?
-
Poetisa - corrigiu Da Regina
- O feminino de poeta é poetisa. Pois eu gostaria que vocês duas viessem aqui
na frente e lessem para nós. Você, as suas poesias. E você, as de sua mãe.
-
Vou ler uns versinhos que fiz agora mesmo _ disse a Sonia. E leu :
“As
férias estão chegando
Para
casa vou cantando
Quero
ir à praia nadar
Quero
ir brincar no mar”
-
Muito bem, você leva jeito - comentou a professora.
-
A minha mãe quer juntar todos os poetas da cidade em uma espécie de clube. -
contou Marisa -Uma Associação.
Ritinha
aprumou - se na carteira ao ouvir a palavra “clube” e começou a sorrir. De
repente, até ela estava inquieta, a olhar a todo instante para o relógio de
parede a contar os minutos que faltavam para o recreio.
Em
que será que Ritinha estava pensando ?
capítulo II
-
Desçam as escadas em silêncio, para não atrapalhar as outras classes. Algumas
ainda estão em provas - avisou a professora - E não gritem até soar o sinal do
recreio.
As
meninas obedeceram, de passos rápidos e olhinhos brilhantes. Ritinha levava
lápis e caderno e fazia para as amigas sinal de “preciso falar com você” ,
sinal que entre elas consistia em dois gestos sucessivos de apontar, para a
própria pessoa e para a outra, diversas vezes seguidas.
No
pátio do colégio, as alunas se dispersaram. Os grupinhos sentavam - se no chão,
nos bancos, nas escadas, conforme o gosto de cada um.
O
grupo de amigas de Ritinha empoleirou - se nas escadas do anfiteatro de arena.
As meninas começaram a desembrulhar os lanches e a reparti - los entre si.
Ritinha afastou seu bolo para o lado e pegou o lápis :
-
Quero o telefone e endereço de todas. Tive uma idéia genial. Vamos fundar um
clube de férias. O Clube da Amizade.
-
Para que ? Já vou todo domingo no clube- disse Vera
-
Todo mundo já tem seu próprio clube - disse Viviane. -Para que mais um ?
-
Acho que vocês não entenderam. Não é um clube com piscinas e quadras de tênis.
É um clube de brincar. A gente fala com nossos pais. A minha mãe eu tenho de
certeza que concorda. A primeira reunião do clube pode ser em minha casa, na
tarde de sábado, mamãe faz um lanche para nós e eu organizo uma visita ao meu
zoológico. Que tal ?
-
E o que mais a gente faz ?
-
O que a gente quiser. Uma festa do sorvete, um campeonato de jogos, um baile a
fantasia, um teatro, o que pintar.
-
E vai ser sempre na sua casa ?
-
Também pode ser na minha - disse a Maria do Sameiro, filha do dono da
confeitaria - Tenho certeza de que mamãe concorda.
-
Ôba ! - gritaram as outras crianças.
Lanche
em casa da Sameiro era lanche de confeitaria, com pães doces, geléias, balas de
frutas e bolo de chocolate com nozes.
-
Lá em casa também pode , com certeza - falou Lúcia - O quintal é bem grande com
parquinho e muitas árvores.
-
Que pena, eu vou viajar - suspirou Marisa - Estou fora.
-
Mas quando você voltar, telefone para a gente. Você vai ficar fora o verão
inteirinho ? - perguntou Vera.
-
Ainda não sei.
-
Pois quero de cada uma de vocês duas fotos, para fazer uma carteirinha igual a
dos clubes de verdade - continuou Ritinha.
-
Só uma basta - lembrou Viviane -Você não precisa guardar a outra na ficha da
secretaria, como em um clube de verdade.
-
Está certo.
E
assim ficou combinado. A primeira reunião do clube seria no domingo à tarde, na
casa da Ritinha, que confirmaria por telefone com as amigas.
E
assim, todas as garotas do 2°B entraram em férias de coração alegre, até a
Rita, que agora teria companheiras para brincar.
capítulo III
Rita
gostava muito de bichos e criava uma porção deles. Também colecionava conchas,
penas, pedras, sementes e organizara na garagem de sua casa um museu de
História Natural.
Agora
ela dava os últimos retoques na arrumação das prateleiras. Organizara fichas,
cartazes, tudo limpinho, arrumado e colorido para o programa de sábado : visita
ao zoo e museu da Rita.
Quase
todas as garotas haviam confirmado : Sameiro, Vera, Sonia, Viviane que viria
com a irmã, Vanessa, Fátima, Selma e Marilda. Marisa ia viajar e Mônica morava
longe.
E
o melhor : os pais haviam dito para fazerem um rodízio, cada reunião em casa de
uma, para não “pesar” para ninguém.
Afinal, lanche para dez, e agüentar a saudável barulheira, não seria fácil!
As
meninas chegaram às três horas.
Em
primeiro lugar, a visita ao “zoológico”. Rita mostrou os peixes :
-
Esses peixes são acará - bandeira. Não podem ficar junto com outras espécies
porque são peixes de briga. Neste outro aquário temos um casal de beijoqueiros,
um casal de peixes japoneses, esses vermelhos, e os pequenininhos coloridos são
os néons.
-
Eu já peguei peixinhos no canal com meu irmão - disse Vera -É divertido. Vocês
sabem como se faz ?
-
Eu sei! - disse Sonia - A gente fura uma lata, prende com barbante e joga lá do
alto da ponte para dentro do canal.
-
Que nojo! Vocês entraram nas águas sujas do canal ? - Fátima fez uma careta.
-
Claro que não! - disse Sonia - E porque nojo ? É água do mar...
-
Água salobra - lembrou Vera - Mistura de
água do mar com águas do mangue do rio Cubatão.
-
Mas como vocês pegam os peixes ? - quis saber Sameiro - Como é que eles entram
na latinha ?
-
É que a gente prende um pedaço de pão no fundo da lata. A lata afunda no canal,
os peixes entram para comer o pão e então a gente puxa a lata. São bem
coloridos, de várias cores e duram muito tempo. Um até deu cria lá em casa -
disse Vera.
-
Peixe põe ovo - falou Fátima.
-
Esses não põe. Nascem peixinhos assim pequenininhos - disse Sonia.
-
E se a gente fizesse uma pescaria no canal ? - propôs Marilda.
-
Nem pensar. Que nojo ! - fez Fátima.
-
Não sei que meus pais iriam concordar - disse Lúcia.
-
Vamos continuar a visita ao zoo, gente ? Agora vamos ver as minhas
tartaruguinhas do ria Amazonas...
-
O meu irmão tem uma igual - disse Vera - Ele usa os peixinhos que pega no canal
para alimentar a tartaruga. É engraçado vê- la caçar os peixinhos.
-
As minhas comem alface - explicou Rita - Às vezes mamãe dá uns pedacinhos de
carne crua para elas.
-
E que outros bichos você tem ? - perguntaram as amigas.
-
Vamos lá fora. Vocês vão conhecer meus periquitos australianos e meu papagaio.
As
crianças gostaram do papagaio. Ele gritava : “Socorro!”, dava risadas, cantava
“ai, ai,ai ,ai , tá chegando a hora...” e “parabéns a você”, pedia café, pedia
água, pedia comida, imitava assobios e campainha e ainda contava até dez.
-
Currupaco papaco! Louro tá com fome! Louro quer café com pão! Lá, lá ,lá...
As
meninas não se cansavam de brincar com o papagaio. Até brincariam mais, se a
mãe de Rita não interviesse:
-
Crianças, não cansem o pobre louro. Vão ver os esquilos, agora, deixem o
Mickey descansar.
Aquilo
foi uma risada só. O Mickey! Pois isso lá era nome de papagaio ?
-
Você tem esquilos? Quero ver ! - pediu Sameiro.
-
São hamsters.
-São
o que ?
-
Hamsters. Esquilos do Líbano. Não tem rabo peludo como os serelepes - explicou
Rita.
-
Que serelepes são esses ?
-
Serelepe ou caxinguelê é aquele esquilinho
dentuço de rabo muito peludo que a gente vê nos filmes e nas gravuras.
-
Eu nunca vi - disse Vanessa,
-
Pois eu tenho uma foto aqui - mostrou Rita, folheando um livro de animais na
estante da garagem.
Mas
as meninas estavam mesmo interessadas em pegar os bichinhos. Haviam vários :
brancos, cor de creme, marrons e malhados, em um grande viveiro com duas
rodinhas semelhantes às rodinhas dos parques de diversões.
-
Eles brincam de rodinha!
-
Eles fazem cócegas na mão.
-
Como eles tremem!
-
Eu faço criação - explicou Rita - Quando nascem muitos, eu vendo para uma loja
de animais, quer dizer, o meu pai vende.
-
E quanto custam ? Vou querer um.
-
O que é que eles comem ?
Todas
as meninas quiseram alimentar os esquilos e todas queriam um casal para levar
para casa.
-
Às vezes um deles foge - contou Rita - Aí é uma confusão. Um entrou na cozinha
e roeu uma porção de coisas. Outro entrou na gaiola do papagaio e o Mickey
gritava, pendurado de cabeça para baixo : “socorro!”
Rita
tinha ainda uma gata e um cachorro.
-
Puxa, você gosta mesmo de bichos - comentaram as amigas.
-
Tanto gosto de animais como de tudo na natureza. Até organizei um museu ali
naquela estante, venham ver - convidou Rita.
-
Porque você separa as conchas assim ? - perguntou Sameiro _ E o que são esses
papeizinhos ?
-
Pois esses papeizinhos são os nomes das coisas - explicou Rita - Cada concha,
cada pedra, tem um nome, e quando eu não sei o nome, eu separo e vou procurar
nos livros.
-
Nosso trabalho de folhas! - exclamou Viviane - Por isso você quis ficar com
ele!
As
meninas haviam feito na escola , em grupo, um mostruário com os diferentes
tipos de folhas. É claro que o grupo da Ritinha tirara a nota máxima.
-
Eu fiz um outro mostruário com flores secas - mostrou Rita - Vejam!
-
Rita, isso é ouro mesmo ? De onde você trouxe isto ? - perguntou Lúcia, pegando
uma pedra.
-
De um garimpo de Goiás. Também trouxe esta drusa de ametistas .
-
Puxa! Você entende mesmo ! Aposto que vai ser cientista. - falou Viviane.
Neste
instante, a mãe de Rita chamou da cozinha :
-
Rita, o lanche está pronto . Traga suas amigas para a cozinha.
As
meninas foram para casa cantando :
“É
hora do lanche, que hora tão feliz
queremos
biscoitos São Luiz...”
É claro que, antes de comer, todas aquelas esfomeadas meninas tiveram de lavar as mão muito bem lavadas. Haviam pego em pedras, esquilos, penas, tartarugas...
Da
Mirtes, a mãe de Rita, serviu leite gelado, suco de laranja, sanduíche de
queijo e bolo de chocolate. Não sobrou nem uma migalhinha para contar história.
-
Estava uma delícia, Da Mirtes.
-
Da Mirtes, o seu lanche estava muito gostoso.
-
A sra quer que ajude a lavar a louça ? - perguntou Fátima, que era muito, mas
muito bem educada.
-
Não, obrigada - respondeu Da Mirtes, para alívio das outras nove
crianças, que, no fundo, não faziam questão de serem tão bem educadas assim. -
Vocês podem voltar às brincadeiras.
-
Venham ao meu quarto - chamou Rita - Venham pegar as carteirinhas.
Com
muito capricho, Rita cortara retângulos de cartolina e escrevera à máquina :
“Clube da Amizade
fundado em 19...
nome do sócio : ....
data de nascimento:....
validade : eterna.”
Em
cima, à direita, havia um quadradinho para a foto, como nas carteirinhas de
verdade. E ela encapara as carteirinhas com plástico, também !
-
Que capricho ! - disseram as prós.
-
Que frescura ! - disseram as do - contra.
-
Meu pai vem me buscar às sete - disse Sameiro - Ele disse que a próxima reunião
do clube pode ser lá em casa.
Nós temos piscina, vocês levam maiô, e a minha mãe vai fazer
um churrasco para o almoço, mas é para vocês ficarem até a tarde, é claro.
-
Eu queria que fosse lá em casa _ reclamou Lúcia.
-
Uma vez de cada. - falou Sameiro. - No próximo sábado é lá em casa. Podem chegar lá
pelas dez.
Um
toque de campainha soou.
-
É a mãe da Sameiro - disse Da
Mirtes - E o pai da Selma também já chegou.
Logo
chegaram os outros pais, e em meio a alegres cumprimentos, acabou - se a
primeira reunião do Clube da Amizade.
capítulo IV
Na
segunda - feira o telefone tocou na casa de Rita.
-
Rita ? É a Viviane.
-
Oi, Vi.
-
Estou com vontade de fazer um teatro, mas, olha, é segredo. Você vem aqui em
casa ensaiar a gente. Eu pensei na peça Os
três desejos. A Vanessa de fada, meu irmão de lenhador, eu de mulher do
lenhador. Aí no dia em que a reunião for aqui em casa a gente apresenta a peça,
de surpresa.
-
Que legal ! Mas e eu, não faço parte da peça ?
-
Você dirige. Vê os cenários, as roupas, o som, que você entende dessas coisas.
-
Eu ?
-
Você entende de tudo. Até de escrever o texto.
-
Adaptar o texto, você quer dizer. Bem , com o texto tudo bem. Tenho até um
livro do Mundo da Criança que ensina como se faz um texto
para teatro. Mas as roupas... não dá.
-
Minha mãe diz que ajuda.
-
Bom, aí é outra coisa. Melhorou.
-Venha
aqui hoje.
-
Tá. Vou avisar minha mãe.
E
desligou, sonhadora. Escrever um texto de teatro ... que idéia demais! As
férias não seriam nem um pouco monótonas. Que idéia formidável a de formar o
clube!
E
Rita foi fuçar no Mundo da Criança
-
Mamãe, a Viviane quer fazer uma peça de teatro, aquela dos três desejos do
Lenhador. Você me ajuda a adaptar o texto ? Posso ir até a casa dela ?
-
Claro, claro, amanhã eu cuido disto. Pode sair depois de cuidar do seu zôo.
Pois
cuidar de tantos bichinhos dava um trabalho danado.
Logo
após o almoço, Ritinha foi de bicicleta até
a casa de Viviane, que morava bem perto.
Passou
pela frente do colégio, agora fechado e silencioso e por uma porção de lugares
: a barbearia, a farmácia, o sapateiro, o armazém. Finalmente avistou a casa da
amiga.
-
Entre logo - foi dizendo Viviane, animada.
A mãe de
Viviane, Da Carolina, era uma mulher alegre, loira e risonha. Em
mocinha, trabalhara em teatro amador e fôra ela que tivera a idéia de fazer a
peça.
-A
garagem dá um palco ótimo. - disse Viviane - Mamãe vai pendurar uma cortina
aqui e aí ficamos separadas da platéia. E este pinheirinho de Natal, neste vaso
grande, está perfeito para a árvore que o lenhador vai cortar.
-
Eu tenho uma fantasia de fada - disse Vanessa - Com asas e tudo, que usei no
Carnaval passado.
-
Foi esta fantasia que me deu a idéia - comentou Da Carolina - Rita, você tem um
gravador pequeno, desses sem fio ? Aí gravamos o grito da árvore, canto de
pássaros para as cenas da floresta, e música de fundo para os outros atos.
-
A minha mãe vai ajudar com o texto - disse Rita - Até já encontrei no Mundo da
Criança um texto quase todo pronto sobre esta história.
-
É preciso muito exercício, sabe, exercício de teatro, de voz, de corpo, de
personagem, é como brincar de faz de conta.
-
E se a gente pendurasse samambaias nas paredes para criar um clima de floresta
?
-
E como grudar a salsicha no nariz do Pedro ?
-
O Pedro já é narigudão, mesmo.
-
Não falem mal do meu nariz - protestou o menino.
-
E a gente precisa de um cartaz bem grande, como nos teatros de verdade.
-
Vamos pintar um. Enorme.
-
Tem um cavalete lá no escritório. A gente coloca o cartaz nele.
E,
planos após planos, a tarde passou rapidamente.
Seria
duro guardar segredo até o fim do verão...
capítulo V
O
domingo na casa de Sameiro começou cedo.
O pai dela exigiu que todas as meninas colocassem bóias de braço, mesmo
as que sabiam nadar, pois a piscina era funda. Havia um escorregador que fez a
festa. foi um tal de escorregar e mergulhar, escorregar e mergulhar... Que
delícia!
Os
primos de Sameiro , três garotos e duas garotas, trouxeram barcos e colchões de
bóia e o tio dela trouxe um violão.
-
É para as horas de sol forte - explicou ele.
Um
violão para as horas de sol forte ?
-
Mas o violão só faz sombra para um - comentou Marilda, sem entender.
Havia
kafka e lingüiça além dos tradicionais espetinhos e também batatas fritas,
maionese , arroz e frutas.
Depois
de comerem até fartar, todas sentaram - se à sombra de um quiosque e o tio
Felício trouxe o violão.
“Pegue
a esteira e o seu chapéu
Vamos
para a praia comer pastel
Piririri
pópópópó...”
As crianças bateram palmas e começaram a dançar e a cantar. Chegara a hora do sol forte.
-
Vamos fazer um campeonato de música ? - sugeriu o tio Felício _ Vocês se dividem em dois grupos e escolhem as
músicas. Eu toco. O outro grupo tem de dizer o nome da música e do compositor.
Adultos
e crianças divertiram - se a valer, e assim, entre sol, água e cantoria passou
- se o dia.
Claro
que à tarde houve o esperado lanche com pães doces, geléias e bolo de nozes. E
o pai de Sameiro ainda distribui um saquinho de confeitos para cada uma à hora
da despedida.
-
Sábado próximo é lá em casa - falou Lúcia. - Vamos ter uma tarde artística. Levem
tintas, pincéis, cola, tesoura e roupas velhas.
E
foi mesmo uma tarde artística. À sombra das árvores, o pai de Lúcia armou uma
mesa de tábuas para as meninas apoiarem seus cavaletes e telas.
-
Eu trouxe gesso e molde para fazer umas estátuas - falou Sonia - E também uns
versinhos para ler para vocês.
-
Versos seus ? Que legal !
-
Fiz um para a Ritinha, escutem só :
“Se
fugir um esquilinho
da
gaiola da Ritinha
vai
direto pra cozinha
que
o bichinho é espertinho
O
papagaio despenca
do
poleiro e põe - se aos gritos
‘Socorro,
acudam, amigos’
acorda
a gata, o cachorro
deixa
todo mundo louco.”
As crianças
riram.
-
Tem mais , Sonia ?
- Tem : No
churrasco da Sameiro
Teve show de violão
Brincamos o dia inteiro
Gozando
o sol de verão.
-
A tarde está realmente artística - disse o pai de Lúcia - Não só pintores, como
poetas também...
E quem se lembrou de trazer roupa
velha ?
-
Todo mundo - gritaram as garotas.
-
Eu até trouxe a minha camiseta de estimação com dezessete furinhos - confessou
Selma.
Havia
guache e aquarela. Viviane, Vanessa e Rita, que há dias pintavam cartazes para
o teatro, desenhando vários para depois escolher o mais bonito, para variar
haviam trazido argila. E houve quem fizesse colagens.
-
Vou fazer uma cidade de bichinhos - disse a Rita, armando - se de tesoura,
revistas e cola.
No
final da tarde houve cachorro - quente, pipocas e limonada.
-
Estamos tão sujas que parecemos meninos de rua - disse Fátima.
-
Não. Parecemos pintores de verdade - falou Marilda, ao que Selma retrucou :
-
Só de formos pintores de parede...
-
Esta turma que pintou o sete merece uma foto para a posteridade - e o pai de
Lúcia apareceu com uma máquina fotográfica e com um - clic! - aquele momento
único ficou registrado para sempre, carinhas felizes de artistas traquinas...
capítulo VI
Durante
o Natal e o Ano Novo, o clube não se reuniu. É claro que as meninas se
encontraram em passeios de bicicleta, quando vizinhas, ou na piscina do clube
ou se falaram pelo telefone. Mas a época de fim de ano deixava os pais fora de
órbita, como dizia a Sameiro.
-
Meu pai acorda de madrugada para dar conta de tantas encomendas lá na
confeitaria...
-
E tanta coisa que eles inventam de comprar - comentou Marilda - Porque tanta
comida e tanta roupa nova ? Bastava comprar o meu presente e já estava bom...
-
Pois eu gosto de roupa nova - disse a vaidosa Fátima - Roupa, sapato e jóias.
Meus pais sempre me dão jóias no Natal.
-
A gente podia organizar um chá de bonecas para depois do Dia de Reis -propôs
Selma - Eu tenho certeza de que ganharei
uma boneca nova. E o chá vai ser lá em casa, certo ?
-
E se nós mesmas fizéssemos o chá ? -
sugeriu Marilda.
-
Bem, aí eu não garanto ... - disse Selma.
A
mãe de Selma, porém, achou a idéia excelente e enfiou -se na cozinha com as
meninas para organizar as turmas :
-
Selma, Marilda e Vera fiquem aqui e façam o bolo. Fátima fica com a Sonia,
vocês vão bater o sorvete. Viviane, Vanessa e Lúcia fazem a salada de frutas. E
vocês duas espremem as laranjas para fazer um suco natural. E todo mundo lava a
louça e limpa a cozinha depois.
Foi
uma trabalheira e tanto, mas valeu.
E
enquanto o bolo assava e o sorvete congelava, as garotas apresentaram umas às
outras as suas bonecas novas. Sameiro ganhara um lindo casal de bonecos de
louça, presente dos avós.
-
Eles as trouxeram da Alemanha - explicou ela - A minha avó disse que o rosto é
de biscuit.
-
Rosto de biscoito ? - disse Sonia - Por acaso são bonecos de comer ?
Todas
riram.
-
Sua boneca tem defeito, Vanessa. Está furada atrás.- disse Rita.
-
É uma boneca dorminhoca. Você recheia o furo com o seu pijama e ela fica
enfeitando a cama.
-
E o que é que o meu pijama vai fazer dentro da sua boneca, posso saber ?
-implicou Rita, gaiata, para provocar mais risadas.
-
Minha mãe é muito jeitosa - disse Lúcia - Vou pedir a ela que faça uma
dorminhoca para mim com umas cabeças quebradas de umas bonecas velhas que tem
lá em casa. Afinal
, as cabeças estão boas.
-
Você não disse que estavam quebradas ?
-
As cabeças não estão quebradas. Quebradas estão as bonecas.
- Eu não
ganhei bonecas, mas ganhei bichinhos - mostrou Marilda - Um urso, um coelho e
este cachorro.
-
O urso vai comer o cachorro que vai comer o coelho - disse Viviane - Aí você
come o urso.
-
Pior fui eu que ganhei um rato de pano - disse a desconsolada Vera - E tudo o
que eu queria era uma bicicleta.
-
A minha boneca é a menor mas é a melhor de brincar porque veio com um guarda -
roupas cheio de roupinhas junto. querem ver ? - falou Sonia.
De
dentro do pequeno guarda - roupas ela retirou vestidos, saias, blusas, um
pijama, um vestido de baile, bolsas, cintos, sapatos e até uma peruca.
-
Que luxo! - exclamou Rita - Não tem pasta de dente também ?
-
E porque uma pasta de dente ?
-
E porque uma peruca ?
-
Para ela se disfarçar. Ela é detetive.
-
E o que ela vai descobrir ?
-
Os seus segredos.
-
Não precisa, não. Eu conto. Ganhei um teatro de fantoches. Eu trouxe para
mostrar. A gente monta o palco assim, olhem como é fácil, se esconde atrás e
coloca os fantoches na mão desse jeito... - havia cinco bonecos e todas as
meninas quiseram brincar de fantoches.
-
Vamos botar ordem na bagunça - exigiu Selma - A Rita armou o palco e como ela é
dona do brinquedo, ela começa. Rita, vá lá para trás e conte como foi o seu
Natal. Depois sou eu, que sou dona da casa e depois uma de cada vez, tá ? Agora
senta todo mundo no chão. O espetáculo vai começar.
-
Boa tarde, amiguinhos - falou Rita, aliás, uma avozinha de óculos de aros
redondos e coque - Eu não quero contar sobre o Natal .Eu vou é contar uma
historinha para vocês.
-
Conte logo a história, vovó. Conte!
-
Vovó uma pílula. Não sou avó de nenhuma de vocês. Respeito com os mais velhos.
-
A benção, minha senhora, Não sabemos o seu nome.
-
Da Astralgisa.
Risos.
-
Crianças malcriadas! Estão rindo de mim ?
-
Conte a história logo. Conte. Conte.
-
Pois bem. Era uma vez um pintinho perdido na floresta. Era uma noite chuvosa. A
tempestade estava forte, trovejou e relampeou e depois a chuva passou. Como era
o nome do pintinho ?
As
meninas se entreolharam.
-
Como é que nós vamos saber ?
-
Relam ! - anunciou Rita, vitoriosa - Vocês não prestaram atenção ? Trovejou e
Relam piou...
-
Ah ! Não vale ! - gritaram as meninas.
A
mãe de Selma apareceu à porta:
-
Mocinhas ! Isso lá são modos de senhoritas educadas que se reúnem para tomar
chá ?
-
Ah, mamãe, foi a Rita que contou uma piada.
-
Eu, não. O Relam. O Relam é que piou...
-
Bem, o sorvete gelou e a mesa já está posta para o lanche, garotas.
-
Oba! Vou comer o bolo que eu fiz !
-
Experimente o sorvete que eu fiz !
E
assim passou - se mais uma tarde feliz.
capítulo VII
Sonia
foi quem organizou a tarde cigana.
Ela
armou uma tenda no quintal . Ela, não, o primo dela, que era escoteiro e que
emprestou a tenda para ela.
-
Não está muito cigana - queixou - se ela.
-
Dá - se um jeito - sugeriu o primo -
Enfeite com uns lenços coloridos da sua mãe, e podemos colar umas luas e
estrelas na lona.
Um
globo de luz vazio, redondo, emborcado de cabeça para baixo, fez as vezes de
bola de cristal. Um baralho, um pouco de incenso e estava criado o clima dentro
da tenda.
Sonia
tinha uma fantasia de cigana. Seus longos cabelos cacheados caíam por debaixo
do lenço enfeitado de medalhinhas. Diversos colares, brincos , cintos e dezenas
de pulseiras fininhas completavam o traje.
-
Querem saber o futuro ? Quem quer ler a buena dicha ?
-
É preciso pagar ? - perguntou Lúcia.
-
Hoje é de graça. Façam filas, senhoras e senhores.
-
Nós todas queremos ouvir, senão não tem graça. todo mundo na tenda !
Ainda
bem que a tenda era bem grande. As dez amigas espremeram - se lá dentro, à luz
de uma lanterna. Sonia queria velas, mas a mãe não deixou, achou muito
perigoso.
Sonia
pegou a mão de Lúcia :
-
Sua linha da vida é loooonga... você viverá 250 anos. Terá uma dúzia de filhos
e vai enterrar quatro maridos.
-
E dinheiro ?
-
Você nunca será rica de bolso, mas será rica de afeto, não se pode ter de tudo
na vida, não é ?
-
Agora eu ! - quis Rita.
Sonia
debruçou - se sobre a bola de crista :
-
Estou vendo .... elefantes... girafas... focas... uma fila enorme de
crianças... O Zôo da Rita... A famosa bióloga Rita na capa das revistas e dos jornais .... descobriu uma nova espécie
de carrapato no Morro da Nova Cintra...
-
E o amor ?
-
Ah, vejo um homem alto, loiro, liiiindo ! ...Você vai conhecê - lo na
África.... Ah, é um romance impossível. Você é uma defensora da vida animal e
ele é um caçador de elefantes... O marfim os separa...
-
Tire as cartas para mim, Sonia - e Selma
sentou - se em frente à amiga.
A
ciganinha toca a embaralhar e a cortar o maço de cartas. Embaralhou e cortou
três vezes.
-
Agora você divide em três.
E
começou a botar as cartas.
-
Ah, uma carta.... uma carta de um homem mais velho.... muito velho.... é um
testamento...vejo um país distante, do outro lado do mar....querida, você vai
ficar rica. muito rica... e vai morar em Paris.
-
E a profissão ? O que é que eu vou ser ?
-
Ah, isto é muito interessante...
-
O que ?
-
Você vai ser astronauta.
Risos.
-
Espere. Estou vendo aqui.... um casamento.
-
E meu marido é rico ?
-
Vocês vão se conhecer no espaço....
-
Ah , ele é astronauta, também!
-
Não, é um marciano.
E
entre uma previsão e outra, botando cartas, lendo a mão, as horas se passaram
rapidamente.
-
Que tal um lanche cigano ? - ofereceu Sonia, lá pelas tantas.
-
O que tem no lanche cigano ? Biscoitinhos da sorte ?
-
Disfarça, Marilda, os biscoitinhos da sorte são chineses...
-
Mamãe fez um bolo de prendas, por isso , tomem cuidado ao mastigar, não vale
comer as prendas.
Da
Alice tivera o maior capricho em separar o bolo em fatias contendo cada uma,
uma prenda. E lá foram aparecendo ...
-
Um navio ! A Lúcia vai viajar !
-
Uma moeda ! Aí, Sameiro, quando ficar rica não esqueça das amigas.
-
Uma aliança . A Rita vai ser a primeira a casar...
--
Um bebê! Fátima vai ter um filho.
-
Uma casa para a Viviane !
Vera
tirou um coelho, e houve muita discussão para saber o que este bichinho
significava.
-
Ela vai ser veterinária.
-Não,
ela vai ser fazendeira.
-
Pé de coelho dá sorte. Então, ela vai ter sorte na vida.
-
Atenção, atenção, a cigana quer falar - anunciou Sonia - A sorte é a gente que
faz. E como nós somos boas, todas nós vamos ter boa sorte na vida.
-
É isso aí.
-
E vocês já viram festa cigana sem música ? Vamos dançar, que eu descolei um
disco com músicas ciganas.
-
Viva !
-
Viva !
E
dez ciganinhas foram rodopiar na sala, tocando castanholas imaginárias e
fazendo de conta que rodavam longas saias invisíveis.
Momentos
felizes que perduram para sempre...
capítulo VIII
O
início das aulas estava próximo.
E
como o Carnaval seria no último fim de semana de férias, Viviane falou para as
amiguinhas:
-
Sábado haverá um baile a fantasia lá em casa, com concurso e prêmio para a
fantasia mais bonita, e os pais de todo
mundo estão convidados também, certo ?
Vanessa
e Rita trocaram um olhar cúmplice.
-
Aí tem coisa ! - gritou Lúcia - O que vocês duas estão tramando ?
-
Ah, é uma surpresa - disse Vanessa.
No
sábado, as crianças chegavam curiosas e Da Carolina as levava até a
garagem.
Um
grande cartaz colorido anunciava :
“
Somente hoje
OS
TRÊS DESEJOS
espetáculo
teatral em 3 atos
atores
: Viviane, Vanessa e Pedro
sonoplastia
: Rita ”
Da
Carolina arrumara filas de cadeiras na garagem .
Que
platéia gozada! Lúcia de havaiana, Selma de índia, Sonia de odalisca, Sameiro
de bailarina, Rita de cigana, Marilda de pirata e Fátima de melindrosa. Entre
os primos e irmãos que também haviam sido convidados, havia quase cinqüenta
crianças.
Rita
ligou o gravador e ouviu - se uma música suave, ao fundo uma multidão de
passarinhos pipilando alegremente :
“Amanhece
na Floresta Encantada, e o lenhador encontra uma bela árvore...”
Da
Carolina puxou as cortinas e Pedro apareceu, de bigode postiço, boné, calças de
suspensórios com remendos nos joelhos. Quando ele ergueu o machado e desferiu
um golpe na árvore, ouviu - se um grito:
“Ai!
Ai! Valha- me, fada da floresta !”
Vanessa
entrou dançando na ponta dos pés, linda, com purpurina nos cabelos e um diadema
de strauss. E a peça prosseguiu.
Viviane
amarrara um lenço na cabeça e aparecia de avental e rolo de macarrão na mão,
uma autêntica megera doméstica. E quando ela disse:
-
Queria que esta lingüiça grudasse no seu nariz! - passou pela frente de Pedro,
que rapidamente colocou uma máscara, com uma lingüiça grudada no nariz! Ficou
muito engraçado. Da Carolina fora muito jeitosa ao costurar a
máscara.
No
final, houve protestos dos expectadores:
-
Eu queria ter participado!
-
Eu também quero fazer teatro!
Os
aplausos foram calorosos. Todos se divertiram muito.
Viviane
foi trocar - se e voltou fantasiada de coelhinha.
-
Vamos começar a matinê, pessoal!
Da
Carolina trouxe os discos de Carnaval e o aparelho de som para a garagem.
Retiradas as cadeiras, havia muito espaço para as crianças pularem.
“Ó
jardineira porque estás tão triste...”
Os
pais haviam, de comum acordo, organizado um “bota - fora”, como se dizia antigamente,
uma despedida. Despedida do que ? Ora, das ferias, evidentemente.
“Um
pierrô apaixonado...”
As
músicas prosseguiam, alegre, enquanto os silenciosos pais entravam na sala,
trazendo refrigerantes e cerveja geladinha (somente para os adultos, claro).
“Alá
la ô ôôô ôôô ... mas que calor ôôô ôôô...”
E
quando o bailinho terminou, com a tradicional musica:
“É
hoje só só só , vai acabar já já ...”
Houve
um último frevo, bem rapidinho, e os corpinhos infantis, derreados, desabaram,
em meio a montes de confete e serpentina.
-
Atenção! Atenção! O concurso !
Entre
os aplausos dos pais, as crianças foram desfilando. Havia fantasias
caprichadas, algumas até bordadas com pedrarias, mas o prêmio ficou para Vera,
que estava original com suas faces sardentas, shorts rasgado, camisa abotoada
errado com meia fralda para fora, um sapo ( de plástico, é claro) espiando pelo
bolso da camisa e um enorme estilingue pendurado no bolso de trás.
-
O prêmio! O prêmio! - pediram todos.
E veio
o prêmio , aliás bem apropriado : um enorme saco de confete, cinco rolos de
serpentinas e uma máscara de saci ! Vera colocou a máscara e saiu pulando em
uma só perninha...
- Estou
morta de sede - comentou Selma, esvaziando a ultima jarra de limonada ainda à
vista.
- E eu
com fome - reclamou Vanessa - Mãe, cadê o lanche para recompor as energias dos
seus foliões ?
- Lá na
sala, mas primeiro lavem as mãos.
E na
sala, pilhas de pratos descartáveis e duas dúzias de pizzas gigantes,
quentinhas, esperando para serem devoradas.
- Viva
o Carnaval!
- Viva
a alegria !
- Um
brinde ao fim das férias!
- Vivam
as pizzas!
E a
criançada gritava Viva! Viva!Viva!
- Puxa,
Rita, que pena que acabou o clube! - suspirou Sonia.
- Quem
disse ? - falou Lúcia - Terminaram as férias, mas o clube continua.
- Vai
começar de novo aquela chatice de escola, ler , escrever e contar .... -
resmungou Marilda.
-
Escrever ? - repetiu Rita, com um brilho já nosso conhecido nos olhos.
- Eu
conheço esta sua cara - disse Sonia - No que é que você está pensando ?
- Acabo
de ter uma idéia. Ouça só : a Marisa passou as férias no Rio, eu vou fazer uma
entrevista com ela sobre a viagem; você, que escreve poesias...
- O que
você quer fazer com minhas poesias e a tal entrevista ?
- Um
jornal, Sonia! Você faz a parte literária, a gente bola uma seção de piadas,
outra seção de fofocas da semana e lançamos “O Jornal do Clube da Amizade”
entre as garotas do 3°B e companhia.
- E aí
...
E aí
começa uma outra história, que fica para uma outra vez.
fim